Lamentável...

Hoje, sem posts banais. Sem posts engraçados. Sem posts sem sentido.

E sim algo que vem preenchendo as minhas lacunas de pensamento. Algo horrível, deplorável, nojento, desumano, decadente e soturno.
Imaginem vocês, meros mortais, com alguns reais no bolso, dentro do "Speed" (melhor "X" de Porto Alegre inteira) pedindo um suculento, misto, enorme, delicioso, mas não menos demorado "X" de calabresa... 5 reais pro caixa, 30 minutos de espera (aproximado, depende da fila hehehe). Várias vezes, após os exaustivos ensaios da minha EX banda, fomos comer no Speed... não comi um, nem um e meio, mas DOIS "X"... uma coisa relativamente grotesca.

Mas o motivo do meu post não é o que comi, ou o que deixei de comer. Mas sim uma cena dentro do Speed: um mendigo, sem tênis, sapatos, ou qualquer vestimenta para os pés, e com um agasalho quase inútil contra o frio, se agachava no chão, quase que rastejando de quatro, como se fosse um cão faminto (quadril ao alto, cabeça ao chão) farejando algo... "Cofre" de fora, mãos totalmente abertas no chão, rosto grudado no piso frio e imundo da lancheria....

E o que acontece, agora? Rosto ao chão... próximo de comida. Comida? Um "xis" derramado, derrubado, caído no chão... E o mendigo, se arrastando... LAMBENDO o chão imundo para recolher os farelos, pedaços e até o molho do delicioso "xis" de quatro a sete reais e quinquenta centavos, que estava ali no chão. Sujo, frio, nojento. E o mendigo comendo.

Nessas horas penso nos deputados, senadores, governadores e a escória relativa... Aumento salarial de mais de 90% pra eles? Claro... eles que regem nosso país. E os mendigos, que passam fome, que dependem de muita coisa, inclusive desses merdas que aprovam o próprio aumento salarial? Ninguém dá um pentelho por eles, mesmo que seja na própria esquina de casa, do prédio, do condomínio... até pq todos estão ocupados demais para se preocupar com os outros.

Enfim, esse é o nosso Brasil varonil. Todos passam por cima dos outros. Quem não passa, é passado pra trás. Pudera eu ganhar na mega sena, ou virar desembargador... Não vou dizer que ajudaria metade do mundo, ou que daria meu salário inteiro à UNICEF. Mas no que eu pudesse, eu ajudaria. Eu sei que se eu precisasse, ninguém estaria ali. Por isso EU quero, e eu ajudo. Não posso sempre, mas quando tenho, colaboro... Sempre é bom ver um sorriso no rosto de uma pessoa que passa mais necessidades que nós. Custa? Custa... mas não é nada que vá nos faltar tanto assim no fim do mês...

Ao som de: Tom Jobim - Luiza